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Lidando com o mar de emoções e ilusões


A travessia do mar das emoções e das ilusões está muito intenso. As pessoas (tanto a nível pessoal como coletivo) estão a ser convidadas para olharem para as ilusões da mente egoica e para as emoções subconscientes da alma que ainda não estão resolvidas (quer desta vida ou de outras). A tendência é reagir negativamente a tal descoberta, negando-a e até mesmo fugindo dela. Mas como atravessar este mar ilusório? Somente com a conexão ao nosso coração sagrado. A ideia é aceitar todas as experiências e fazer pazes com o passado (quer desta vida ou de outras), perdoar-se a si mesmo e as todas as almas envolvidas e seguir em frente. Todos nós tivemos experiências do lado da sombra e do lado da luz e isso está a ser resolvido (de forma mais consciente ou menos consciente). Lembrem-se que para conhecer algo, precisamos conhecer o seu oposto, senão como saberíamos distinguir um do outro? Simplesmente não seria possível...

Seguidamente apresento um texto budista sobre como lidar com a raiva, mas este texto poder-se-ia aplicar a tantas outras emoções como culpa, vitimização, ciúme, medo, etc. Procurem a paz no vosso coração, ele é o vosso farol de luz. E assim é! Amor e luz, Anabela Silva

« Quando alguém diz ou faz alguma coisa que nos deixa com raiva, nós sofremos e contra-atacamos na esperança de assim sofrermos menos. Pensamos: “Quero punir-te, quero fazer-te sofrer porque tu me fizeste sofrer. E quando eu perceber que estás a sofrer bastante, sentir-me-ei melhor.” São muitos os que acreditam nessa prática infantil. O que acontece é que, assim cria-se um processo progressivo do sofrimento de ambas as partes. Na verdade, as duas pessoas necessitam de compaixão e ajuda. Nenhuma das duas precisa de ser punida.


Quando sentires raiva, volta-te para dentro de ti mesmo, cuida do teu sofrimento e da tua raiva. Não digas nem faças nada. Qualquer coisa que digas quando estás com raiva pode causar ainda mais dano ao relacionamento. No entanto, a maioria de nós não faz isso. Em vez de nos voltarmos para dentro de nós mesmos e cuidarmos da raiva, queremos ir atrás da outra pessoa para puni-la. Se a tua casa estiver a pegar fogo (causado por alguém), a coisa mais urgente a fazeres é tentar apagar o incêndio e não correr atrás da pessoa que o provocou. Esta não seria uma atitude sábia. Da mesma maneira, quando sentes raiva, se continuares a discutir com a outra pessoa, se tentares puni-la, estarás a agir exatamente como aquele que corre atrás do criminoso enquanto as chamas estão a devorar a sua casa.


Um dos instrumentos extremamente eficazes para apagar o fogo que arde dentro de nós é o método da respiração consciente, o método do andar consciente. Inspirar conscientemente é saber que o ar está a entrar no corpo e expirar conscientemente é saber que o corpo está a transmutar ar (fazer isso pelo menos 3x). Assim, ficas em contato com o ar e com o teu corpo, e como a tua mente está atenta a tudo isso, ficas em contato com ela também.


Sempre que surgir a raiva, pega num espelho e olha para o teu reflexo. Quando tu sentes raiva, centenas de músculos do teu rosto ficam muito tensos e deixas de ser uma pessoa bonita. Este é o sinal destinado a alertar a mente, pois, quando te vês dessa maneira, sentes vontade de fazer alguma coisa para mudares. Não são necessários cosméticos, basta respirar profunda e tranquilamente, relaxar e sorrir conscientemente. Se conseguires fazer isso 1 ou 2x, a tua aparência ficará mais bonita. Olha-te simplesmente ao espelho, inspira com calma, solta o ar sorrindo e sentirás um grande bem-estar.


A raiva é como uma flor. No início, podes não compreender a natureza da tua raiva ou por que ela se manifestou. Para gerar a energia da plena consciência e abraçar a raiva, pratica a respiração consciente (seja sentado ou a andar). Depois de 10 ou 20 minutos, a raiva ter-se-á aberto e, de repente, verás a sua verdadeira natureza. Ela pode ter surgido apenas por causa de uma percepção errada tua, ou da falta de sensibilidade de alguém. Tu és capaz de transformar o lixo da raiva na flor da compaixão. Abraça a raiva com bastante ternura. Ela é como um órgão do teu corpo. Quando tens algum problema num órgão, não pensas em deitá-lo fora. O mesmo acontece em relação à raiva. Aceita-la porque sabes que podes cuidar dela, és capaz de transformá-la numa energia positiva.


Tanto a raiva quanto o amor possuem uma natureza orgânica, o que significa que ambos podem mudar. O amor pode transformar-se em ódio, mas também a raiva pode ser transmutada em amor. No momento em que sentes raiva, tens a tendência de acreditar que o teu sentimento foi criado por outra pessoa. Culpas esta pessoa por todo o teu sofrimento. Mas, ao fazeres um exame profundo, talvez percebas que muitas outras pessoas, quando confrontadas com a mesma situação, não ficariam com a raiva com que tu estás. Elas ouvem as mesmas palavras, presenciam a mesma situação, mas são capazes de permanecer mais calmas, sem se deixarem afetar tanto pelas circunstâncias. Então, porque te enraiveces com tanta facilidade? Talvez isso aconteça porque a semente da TUA raiva é muito forte, e como não praticaste os métodos destinados a cuidar bem dela, a sua semente pode ter sido regada no passado com excessiva frequência. »


adaptado do livro “Aprendendo a lidar com a raiva” - Thich Nhat Than


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